
***Saber como os números vieram a existência revela uma importante característica da origem da humanidade: a vida em sociedade! Estudos mostram que 50 mil anos, as pessoas viviam em grupos pequenos, alimentavam-se basicamente de frutos, raízes e da caça. A habitação era improvisada em cavernas e grutas. Nelas, aqueles humanos buscavam proteção do tempo (sol, chuva, tempestades...) e contra os inimigos. Naquela época não plantavam, não criavam animais, tão pouco construíam casas para habitação fixa.
***A noção de quantidade já estava presente, bem como a necessidade de efetuar contagens simples. Porém, não existia a ideia de números e, obviamente, caracteres para representá-los. O jeito era improvisar! Então, em cada uma de suas atividades carregavam consigo partes de ossos ou pedaços de pedras e neles faziam os tão famosos “risquinhos”. Melhor dizendo, para cada fruta colhida ou animal capturado, registrava-se um risco sobre o osso ou a pedra!
***É claro que essa forma de registro não resistiria ao avanço da vida em sociedade e as suas exigências futuras. Por exemplo, quando o homem passou a domesticar animais e a criar rebanhos, tornar-se-ia rápida a necessidade de um símbolo para representar uma grande quantidade de risquinhos! Afinal, a contagem ainda era feita colocando uma pedrinha numa sacola para cada animal que saía para pastar. Ao entardecer, à medida que cada animal era devolvido ao cercado, uma pedrinha era retirada. Imagine se fosse assim ainda hoje, qual o tamanho de uma sacola para suportar a contagem de um rebanho de 10000 cabeças? Justamente dessa necessidade surgiu a palavra cálculo, que em latim quer dizer “contas com pedras”. Curioso não é?
***A evolução da agricultura e o pastoreio causaram grandes mudanças no modo de vida humano. Agora, os agrupamentos de pessoas se tornaram maiores, regras de convivência foram criadas, entre elas as que regulamentavam a distribuição de alimentos, cujas reservas cresciam na medida e proporção do crescimento dos grupos sociais.
***Não demorou para que um grupo oferecesse uma mercadoria em troca de outra produzida por um grupo diferente, desenvolvendo assim o comércio em sua forma mais básica, o sistema de trocas. E foi dessa forma que o homem começou a construir o conceito de número: contando e trocando objetos.
***Para tanto, a utilização do corpo humano foi importantíssima. As relações de contagens tomaram como referência, entre outras coisas, a quantidade de dedos nas mãos. Por exemplo, três dedos esticados representavam o desejo de se adquirir três peixes (ainda hoje é assim); cinco dedos, cinco pães, e assim por diante! Essa associação deu origem a palavra “dígito”, proveniente do latim digitus, que significa dedo. Historiadores mostram que por por volta de 3000 a.C., os sumérios inventaram a primeira escrita que registrava os sons da língua, conhecida como escrita cuneiforme.
***A base 5 de contagem surgiu exatamente da observação dos dedos. Nela, em uma das mãos registrava a quantidade de grupos de 5 unidades contados, enquanto que a outra mão mostrava quantidades unitárias. Já a base 12 utilizava as três falanges dos dedos e um dos polegares. Dessa forma, era possível contar até 12 apoiando o polegar em cada uma das falanges.
***E a base 60, consegue imaginar como foi criada?
***É possível que tenha surgido da seguinte maneira: na mão direita, contavam-se as falanges de 12 em 12, registrando cada contagem de 12 em um dos dedos da mão esquerda até completar os cinco dedos. Ainda hoje utilizamos a base 60 quando efetuamos cálculos de tempo ou quando medimos ângulos e graus.