Hoje, quando abrimos um livro de matemática para estudarmos
os conjuntos numéricos, a saber: Naturais (N), Inteiros (Z), Racionais (Q) e
Irracionais (I), talvez sejamos levados a pensar que eles foram criados exatamente
nesta ordem. Pois bem, não foi assim!
As antigas civilizações, devido à necessidade de contagem
trouxeram, instintivamente, a existência os números naturais, também conhecidos
como números contáveis: 1, 2, 3, 4, .... Naquele tempo, as antigas civilizações
contavam o seu rebanho através da relação um a um, cuja ferramenta de contagem
erram “pedrinhas”, isso mesmo, pedras! Ou ainda, faziam riscos em pedaços de
madeira. Essa noção foi, aos poucos, evoluindo até que se chegou a ideia de um
número sucessor. Dentre os números naturais a criação do zero é muito
particular e tardia. Afinal, não havia a necessidade de se registrar zero
ovelhas dentro de um aprisco! Dessa forma, o zero foi o último número natural a
ser criado e sua origem deu-se não pela necessidade de marcar a inexistência de
elementos num conjunto, mas por uma questão posicional da numeração, abrindo
espaço para a criação de todas as operações matemáticas que são conhecidas
atualmente.
Tempos mais tarde, no antigo Egito, as experiências advindas
de situações cotidianas, tais como a repartição de terras às margens do rio
Nilo, geravam grandes problemas de grandezas geométricas, não era possível a
utilização de uma unidade inteira como padrão de medida, surge então a ideia de
fração de uma parte inteira. A necessidade de fracionar trouxe a existência os
números Racionais.
E quanto aos números inteiros e aos racionais negativos?
Vamos lá! Foi, aproximadamente, em 628 d.C. que os inteiros
negativos foram apresentados pela primeira vez. Trata-se de uma obra de
Brahmagupta, famoso matemático indiano. Todavia, eles não foram bem aceitos de
imediato. Ainda em 1543, os inteiros negativos eram chamados de números
absurdos ou de soluções falsas de uma equação.
Os números irracionais, por sua vez, foram descobertos
pelos pitagóricos devida a impossibilidade de se representar medidas de segmentos
com valores inteiros ou frações deles. Isso ocorreu, por exemplo, ao tentar
calcular a diagonal de um quadrado de lado 1.
Por fim, a noção de um número real (união entre Racionais e
Irracionais) só foi formalizada em 1872 por Richard Dedekind. Essa apresentação
teve êxito ao definir os racionais tendo por base os inteiros.